sábado, 5 de setembro de 2015

O Bônus das Minhas Escolhas - Solitude com Sardinhas

Ok, feminista, sou. Fato.

E relembro que me percebi feminista por condição, e não por opção.
É tão condição quanto nascer em um gênero ou em uma raça.

Não, homem algum pode questionar negativa ou positivamente sobre o que é o meu feminismo: tem que nascer mulher pra tal, sangrar uma vez por mês durante quase quarenta anos pra isso. Fato.

Homem algum pode me questionar também sobre o porquê de eu ter escolhido estar desacompanhada. Fato.

Entenda, que depois de dois longos relacionamentos, de um coração locado por quase 20 anos (o que me dá uma boa experiência na questão), a minha solitude é, diferentemente do meu condicional, opcional.

Existem alguns mecanismos relativamente simples para uma mulher fomentar e manter o status de relacionamento com um homem. Quando digo acompanhada/namorando, veja que existem aí umas boas variáveis, é a principal a química.
Dada a química, se você cumprir um papel de certa submissão, de pseudo-fragilidade, se manipular o acesso ao sexo, se falar pouco palavrão, se fechar as pernas quando senta, se não tiver um poder igualitário ou superior na carreira, se se incluir num padrão estético e comportamental baseado numa cultura secularmente machista ou sexista, se você só for VOCÊ quando está longe do par, bingo. Fica mais fácil. Fato.

Se você, como mulher, priorizar sua carreira, o controle do controle remoto, cada decisão sobre sua vontade, sobre si no geral, sobre a roupa que usa, sobre o seu vocabulário, sobre os amigos que tem, enfim, difícil.
Se colocar no seu funil a escolha do homem que deseja ter ao seu lado, além da química, como alguém que te agrada, que não vai chamar suas peculiaridades de gênero de fraqueza ou de mimimi, que não é machista, bom, dificílimo, Fato.

E um salve às mulheres que encontraram O Parceiro pós um filtro!

Se, por opção, você se reservar à essas e às suas (suas, não da sociedade) escolhas, nível dificilíssimo.

Se na estatística, que não está a seu favor, encontrar um homem broad minded o suficiente, respeitoso ao feminismo, que tem a mesma química, que valoriza sua evolução feminina, que te apoia nas suas guerrilhas, que é tolerante aos seus valores, que gosta de ti como é, que entende a humanidade quanto à gênero e orientações, que é liberalista, de bônus é ateu/agnóstico, inteligente e aberto, pronto, aí começa uma conversa. Certamente esse homem está na Islândia ou na Dinamarca ou Suécia ou em um país com altíssimo IDH, logo, os resto dos seus dias tem a grande chance de serem você com você mesma, suas convicções e sua excelente própria companhia.

E a parte mais absolutamente fantástica na maturidade, depois de uma experiência de vida balizadora, é que você está consciente da realidade e de boas.

Colocando a geografia na equação, prefiro minha escolha de não estar acompanhada, senão por mim mesma, grata. Não vou me envolver com alguém com quem eu deixe de ser eu mesma me enquadrando em padrões puramente para que a sociedade me veja como uma mulher que mantém um relacionamento. Superei essa bobagem tipo 1950 no dia que tirei minha aliança do dedo, desde então houve candidatos, gongados, pois não aceito nada pela metade já que me tornei inteira. E além do mais o cotidiano profissional já me exige um preço por eu ser assim, e que pago com prazer.

Com vinho de padre e sardinha, com minhas maravilhosas cervejas belgas e meus cogumelos paris frescos, às sextas à noite, aos sábados, terças, quintas, quem decide sou eu, do altíssimo da minhas conquistas. Eu posso e trabalhei por isso.

Então, não questione a minha solitude ou a da mulher poderosa empoderada que for, pois sei quem sou, o que eu faço, e onde estou.
Fato.





Nenhum comentário:

Postar um comentário