sábado, 8 de março de 2014

Mulheres

Post previsível.
Me assumi uma feminista há pelo menos 2 anos e pouco, mas venho num movimento pessoal feminista há mais tempo. O meu feminismo matou meu casamento, de certa forma. E foi justo.
Se eu fosse uma mulherzinha (chamo mulherzinha aquela que em algum ponto da vida se sub-julga ao macho) estaria lindamente com meu antigo bambolê-aliança no dedo, engolindo uma dominação medíocre, atada a um homem que acredita piamente que a vontade e desatinos dele estão acima de qualquer moral.
Você, mulher que se submete aos padrões masculinos, sinceramente, tenho profunda pena de ti, que ainda se encontra nessa fantasia da Disney.
Costumo afirmar que as drogas mais nocivas à mulher são os filmes de princesa e a Bíblia: acorda e não fantasie que será com um beijo do príncipe, esse é o beijo que geralmente te adormece, num sono anti-producente.
Salvo exceções, teu pseudo-herói será um homem que vai te escravizar na pílula anticoncepcional, em obrigações domésticas e no papel sacro de mãe.
Em 10 anos me tornei feminista e atéia, uma aberração maravilhosa.

Tenho uma listinha pra ti, que me questionou se fui violentada de alguma forma por ser mulher.
Bulinada pelo marido da tia na infância, serve?
Bulinada com os olhos ou com frases nojentas quando uso alguma roupa curta ou justa, mesmo sendo pré-quarentona, serve?
Ser obrigada a me entorpecer de hormônios nocivos que causam trombose para evitar filhos por que o parceiro não quer se vasectomizar e eu não quero ter filhos como carreira, serve?
Trabalhar longa jornada e ainda ser responsável por 100% dos afazeres do lar, serve?
Protelar vida profissional por que seu marido precisa se sentir o mega pica galáctico, serve?
Mudar de cidade e deixar pra trás seu sucesso, amigos e possibilidades pra satisfazer ao suposto bem-estar do parceiro, serve?
Engolir a masculinidade violenta e massacrante do parceiro, serve?
Dirigir como qualquer pessoa, mas ser chamada de Dona Maria no trânsito, serve?
Ser boa profissional e não ser valorizada por isso por algum chefe chauvinista e machista (incluso chefe mulher), serve?
Ser uma mulher como você e você me ver como uma ameaça, não como uma pessoa simplesmente, serve?
Ser chamada de vaca, puta ou qualquer outro nome baixo se não sou sua amiga ou se não caí nas suas graças femininas, serve?
Ser escrava da tintura de cabelo, da depilação e de um padrão adolescente de beleza, serve?

Existem post mais inteligentes que esse na web, explicando melhor o feminismo, e defendendo a igualdade por aí. Igualdade é não tratar a mulher como minoria, somos todos iguais, ao meu ver em gênero, cor, opção.
Por isso te digo, bonequinha, acorda Cinderela.





quinta-feira, 6 de março de 2014

Uma Otimista

Dramática e superlativa: dois adjetivos que me definem, facilmente. Tantas palavras nos definem, e será que sabemos escolhe-las? Sabemos agir conforme oque escolhemos?
Dentre predicados, defeitos e características, em mim o otimismo, digno de uma poliana. E também um lado de mim, mais racional, sempre tenta ponderar as piores expectativas, sociedade que te provoca a esperar pela desgraça - um patrocínio do Mondo Cane da Datenagem.
Tento ser mais previdente, ser mais comedida, ser mais medrosa, menos audaciosa, ser mais realista. Eu penso, mas ao fim sempre acabo esperando o melhor de tudo, da vida e das pessoas, e ajo baseada nessa vibe. Pessoas, as adoro. Trabalho com algo que me coloca em contato com elas/você todo o tempo, e é verdade que sou assim mesmo, afável com as pessoas, pois gosto, é meu. Tem quem me acha vaselina, simpática demais, falsa, e a realidade dura e crua é que seria falsa se fingisse ser blasè.
Carrego comigo uma animação quase canina em relação ao outro, faço festa mesmo, apesar de achar maravilhoso o inverso, fazer aquela cara de bunda, uma antipatia até cai bem, é chique. Isso não muda o fato de que não sou um ser boníssimo, longe disso; simplesmente sou uma pessoa que luta com seu Dart Vader Interior diariamente.
Do alto do meu otimismo e esperança na humanidade, por vezes uma rachadura começa a se abrir. É quando leio sobre as mazelas dessa terra de todos e de ninguém, onde pai espanca um filho até a morte motivado por sua homofobia, mulheres que são desfiguradas por serem mulheres, políticos encaçapam a dignidade do povo, guerras éticas e "santas" exterminam vidas, assim, como se fossemos todos inimigos, concorrentes.
Até na inimizade eu vejo uma cortesia, mas só eu e umas poucas pessoas? Não é possível.
Como posso curtir tanto meu semelhante, gente? Não tenho nada de madre-teresice, a filantropia passa longe de mim, simplesmente gosto do meu (pseudo)igual, com 2 pernas, 2 braços, 1 cabeça, pode até falta braço e perna, desde que seja um humano no verdadeiro sentido - e que eu acredite que ele é mesmo semelhante a mim. Daí descubro, ou me recordo, eventualmente, que ele não é bem assim: é mal, é mesquinho, é homofóbico, é vingativo, limítrofe, é pequeno, é meio burro, violento, é tudo aquilo que eu deveria esperar de ruim. Também não estou falando que eu não tenho surtos de sentimentos ruins, mas pelamor de qualquer coisa! Matar, extirpar, judiar e depois dormir lindinho de noite? Opa, que merda é essa?
 A guerra...pra mim deveria ser apenas dentro de nós, e apenas, onde nos esforçamos, e nosso bem sempre derrotando nosso mal.