quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Traia a Si Mesmo e Viva Melhor

Recentemente estava lendo todos os meus textos anteriores, afinal esse blog está mais pra um diário, na verdade está mais pra um anuário. Apesar de eu achar relaxante escrever acabo por fazer muito menos do que eu deveria. Daí observamos o termômetro do quanto eu relaxo na vida...

Na leitura desses pequenos fragmentos da minha mente sempre me reencontro comigo mesma, com os momentos e as lições. No geral quando escrevo é por que tive alguma alta epifania ou uma realização de algo relevante na existência.

Então tive mais uma das minhas revelações durante a interpretação dessa obra: nesses anos eu trai várias vezes a minha própria experiência, sendo que mais uma das minhas auto-deslealdades está tão recente que sinto o gostinho amargo na boca nesse instante.

Isso simplesmente me prova que os posts estavam, além de certos, profetizando minhas próprias traições e enganos. Meu hedonismo se mistura com algo que a psicologia explica: a negação da realidade como mecanismo de sobrevivência da espécie. Essa coisa é uma colisão em velocidade com a minha tendência niilista de que "foda-se tudo".

Por outro lado (e olha que louca que eu sou), todos os meus maiores predicados como coragem, força, insistência, fibra e otimismo são resultado dessa peculiaridade humana de negar.
Essa contradição latente da realidade, até minha total inconsequência frente a minha vindoura mortandade, os atos semi-lícitos do alcoolismo funcional ao impetuoso anti-culto a vaidade física, do tabagismo persistente até a gordura animal que me besunta as artérias, são o pior de mim resultando no que eu acho ser o meu melhor.
[Pausa para o palavrão: Caralho, que merda.]

Deu pra entender a minha linha de raciocínio? Se você, (im)provável leitor, não entendeu, foda-se também, por que eu vou, entender e me fuder. Talvez daqui há uns meses ou anos a futura EU vai interpretar lindamente os próprios garranchos e caligrafia e esse blog vai seguir sendo como aquelas pessoas que jogam as coisas na nossa cara!

O caso que é me traí em ocasiões tão variadas...
Contestei hedonismo em inúmeras linhas desse blog
Contestei amor romântico umas tantas outras
Contestei até a porra do Facebook

Em todos os casos eu recaí, meu apaixonei, sigo trocando fermentados por destilados, falhei na tentativa de veganismo e acesso ao Facebook mais de uma vez ao dia. Pra todas essas hipocrisias sempre tenho uma defesa e uma ária de adoração.

Devo entrar num processo de disrupção ferrado agora? Nada do que eu faço e fiz vai dar em mudança nenhuma, já dizia um cara que "louco é aquele que faz o mesmo esperando resultados diferentes"... A frase é como uma roupa que me cai impecavelmente, sob medida.

Poderia levar alguma tentativa de real metamorfose à pique, quem sabe beber sangue ao invés de etílicos, comer carne humana pra substituir o bacon por exemplo, empalar os poucos e raros homens por quem me interessei (e que me geraram expectativa e decepção). Empalar primeiro, é claro, e reciclar o resto depois, aproveitar até a pele pra fazer um cobertor.

Logo sobrou das percepções citadas: a geladeira já tem mais brócolis, comprei água de côco pra hidratar junto com o Pinot. Quanto aos cigarros...ahhhh é um vício maldito mesmo...

Já o meu coração voltou pro vidro de conserva.