Na leitura desses pequenos fragmentos da minha mente sempre me reencontro comigo mesma, com os momentos e as lições. No geral quando escrevo é por que tive alguma alta epifania ou uma realização de algo relevante na existência.
Então tive mais uma das minhas revelações durante a interpretação dessa obra: nesses anos eu trai várias vezes a minha própria experiência, sendo que mais uma das minhas auto-deslealdades está tão recente que sinto o gostinho amargo na boca nesse instante.
Isso simplesmente me prova que os posts estavam, além de certos, profetizando minhas próprias traições e enganos. Meu hedonismo se mistura com algo que a psicologia explica: a negação da realidade como mecanismo de sobrevivência da espécie. Essa coisa é uma colisão em velocidade com a minha tendência niilista de que "foda-se tudo".
Por outro lado (e olha que louca que eu sou), todos os meus maiores predicados como coragem, força, insistência, fibra e otimismo são resultado dessa peculiaridade humana de negar.
Essa contradição latente da realidade, até minha total inconsequência frente a minha vindoura mortandade, os atos semi-lícitos do alcoolismo funcional ao impetuoso anti-culto a vaidade física, do tabagismo persistente até a gordura animal que me besunta as artérias, são o pior de mim resultando no que eu acho ser o meu melhor.
[Pausa para o palavrão: Caralho, que merda.]
Deu pra entender a minha linha de raciocínio? Se você, (im)provável leitor, não entendeu, foda-se também, por que eu vou, entender e me fuder. Talvez daqui há uns meses ou anos a futura EU vai interpretar lindamente os próprios garranchos e caligrafia e esse blog vai seguir sendo como aquelas pessoas que jogam as coisas na nossa cara!
O caso que é me traí em ocasiões tão variadas...
Contestei hedonismo em inúmeras linhas desse blog
Contestei amor romântico umas tantas outras
Contestei até a porra do Facebook
Em todos os casos eu recaí, meu apaixonei, sigo trocando fermentados por destilados, falhei na tentativa de veganismo e acesso ao Facebook mais de uma vez ao dia. Pra todas essas hipocrisias sempre tenho uma defesa e uma ária de adoração.
Devo entrar num processo de disrupção ferrado agora? Nada do que eu faço e fiz vai dar em mudança nenhuma, já dizia um cara que "louco é aquele que faz o mesmo esperando resultados diferentes"... A frase é como uma roupa que me cai impecavelmente, sob medida.
Poderia levar alguma tentativa de real metamorfose à pique, quem sabe beber sangue ao invés de etílicos, comer carne humana pra substituir o bacon por exemplo, empalar os poucos e raros homens por quem me interessei (e que me geraram expectativa e decepção). Empalar primeiro, é claro, e reciclar o resto depois, aproveitar até a pele pra fazer um cobertor.
Logo sobrou das percepções citadas: a geladeira já tem mais brócolis, comprei água de côco pra hidratar junto com o Pinot. Quanto aos cigarros...ahhhh é um vício maldito mesmo...
Já o meu coração voltou pro vidro de conserva.
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